Atravessei este primeiro dia de 2012 com uma vontade férrea de o viver intensamente. Talvez por isso tenha iniciado o ano caminhando lentamente pelas horas que passavam, com os passos de quem sabe que recebe o futuro vivendo o presente.
E, apesar de tudo me parecer igual a ontem, decidi que seria eu quem marcaria a diferença deste meu dia.
Assim, revisitei o passado, relembrando os muitos que partiram para outros rumos de vida e de morte, desarrumando os pedaços do meu coração, para com eles de novo o reconstruir mais forte.
Permiti-me sentir de novo as emoções do passado, os aromas de muitas casas, a doçura de muitos afectos e até a tristeza de muitos adeus.
Não pude deixar de pensar que a vida nos leva sempre a novos caminhos, onde se alteram pessoas e espaços, mas se mantêm o amor.
Perdi para os céus avós, pais, tios, e muitos dos que me povoaram a infância e adolescência, mas a vida mostrou-me que o amor por eles persiste no tempo, cada vez que admiro as lindas estrelas em que se transformaram, brilhando agora no escuro azul da noite.
Para o mesmo destino vi partir amigos, vizinhos, colegas e o meu sogro, que me acompanharam ao longo de muitos anos, deixando comigo o real significado de saudade.
Amores e desamores também seguiram por outras estradas, para outras paragens e certa de que não sobreviveria, chorei mágoas e tristezas mil, lavando a alma de muitas desilusões e aprendendo a ser feliz e a saber reconhecer as frágeis linhas entre os antes e os depois. Subindo fasquias e alargando os limites dos meus horizontes. Crescendo e integrando sabedoria.
Por todos os que já partiram, mas também por mim, eu agradeço à vida ter tido a sorte de, por mais ou menos tempo, os ter como companheiros de percurso e épocas de vivências.
E, eis-me chegada ao aqui e agora de um tempo que me parecia impossível atingir, realizando que se destino não foi lá muito meigo para comigo, a vida pelo contrário sempre me ofereceu compensações maravilhosas. Porque me trouxe novas pessoas para transformar as tristezas em alegrias.
Pude percebê-lo ao jantar, à volta de uma mesa farta, onde reuni os meus "mais maravilhosos". Porque, apesar de me faltarem as importantes bases que me trouxeram aqui e me fizeram quem sou, percebo que me passaram um testemunho que partilho hoje com os mais novos, com a mesma desenvoltura com que me brindaram a mim.
Assim, desempenhando as funções de matriarca da família, (porque de repente e quase sem dar por isso, me tornei a mais velha), cozinhei amor e ternura para servir ao jantar aos meus convidados de honra: O meu filho, o meu irmão mais (muito mais!) novo, a minha nora, a minha amiga Gi e a minha maravilhosa neta, Flor-Amor da minha paixão.
Mais tarde, quando ela decidiu brincar debaixo da mesa, juntei-me a ela com alegria, revivendo o tempo em que a criança que eu fui, fazia exactamente a mesma coisa.
Ao serão, na curiosidade dos seus pequenos três anos, ela foi ao meu quarto buscar um album de fotos antigas que desfolhou junto a mim, comentando o que via ... "aqui é a avó a dar o biberão à Margarida...".
- Não Margarida, aqui é a mãe da avó a dar o biberão à avó, que também já foi bebé... - corrigia eu, enquanto realizava maravilhada que os genes da minha neta são muito semelhantes aos meus, que se ocupa com as mesmas coisas que me ocupavam a mim, e que, a sua ânsia de saber é a mesma que me fez aprender muito. E que agora partilho com ela.
A magia de todos estes momentos do meu dia, mantiveram-me acordada até esta hora, assim renovada de espírito, perpetuando nas palavras que aqui deixo, toda a felicidade que me invade e que transforma cada lágrima chorada em belos pedaços de diamantes que me decoram hoje o coração.
Partilhando alegria e desejando a todos UM FELIZ 2012! Porque, enquanto houver amor e carinho, nada mais terá importância.
Grace C
Acerca de mim
- Grace C
- O prazer que sinto a criar, nasce da mais delicada e perfeita sintonia com o meu EU SUPERIOR, que, através das minhas mãos, se revela deste modo.
Este deserto que atravesso
As fadas
O tempo que é meu e o que se vive no meu país...
Há muito que aqui não vinha...
Não porque me tenha esquecido que tenho um blog, e nem mesmo porque tenha deixado de fazer as minhas artes.
Simplesmente porque me deixei levar por esta tristeza geral que está a inundar este meu país em crise, e que a todos nos afecta de um ou outro modo.
As gentes da minha terra deixaram de sorrir, de ver a beleza que ainda as rodeia. Porque os olhos toldados de tantas incapacidades espelham o terror porque estão a passar tantas famílias. Filhos desempregados e a voltar para casa dos pais; pais desempregados e sem horizontes de luz que temem pela vida que podem agora não ter para dar aos seus filhos ou o pânico de deles terem que depender, sobrecarregando-os como nunca quiseram; Pais e filhos sem qualquer tipo de rendimento a partilhar apenas a dor de nada mais terem para alienar em nome de prato de comida que precisam ter para dividir entre si.
Porque isto de se estar em "crise" não é alimento do corpo, e mesmo que se queira, o corpo que vestimos reclama para si a sobrevivência a que tem direito e não pode ter.
Como não nos deixarmos abater?
Quando atravessamos ruas inteiras de lojas fechadas, falidas pela incúria e desrespeito que a classe política ofereceu aos que lhe cederam cargos em votos captados com mentiras; empresas de renome a fecharem portas e a lançarem para o desemprego (porque outra coisa não podem fazer), a totalidade dos seus colaboradores, independentemente do tempo e do esforço com que os mesmos lutaram até ao fim.
Como navios a afundar aos poucos nestas marés de vagas imensas que se abatem todos os dias sobre todos nós, vamos deixando passar a vida porque nada mais podemos fazer. Temendo em cada onda ser a nossa vez de afundar. Porque já não temos mais por onde cortar, já não temos mais por onde esticar e também já não conseguimos aceitar o que nos fazem.
Somos um povo brando, um povo que está habituado a sofrer. Mas, estamos todos a ver uma parede nua e fria, onde deveria estar um horizonte de futuro e de fé.
Tiraram o dinheiro aos pobres, espoliaram-nos de todas as possibilidades, de qualquer possibilidade. E a bola de neve cresceu, cresceu e, embora já tão imensa, continua a rolar montanha abaixo mergulhando num abismo de desconhecido que nos aterroriza, porque estamos dentro dela e percebemos que é uma questão de tempo até nos esborracharmos num fundo que não conhecemos.
Porque os jovens não têm emprego, os menos jovens também não, e a idade passou a ser um critério que ninguém percebe. Para trabalhar, aos 35 anos já não se é jovem, aos 45 somos velhos e aos 55 já estamos a mais. No entanto, se tentarmos pedir a reforma, tudo vira a 180º e aos 35 somos uns meninos, aos 45 somos novos demais e aos 55 ainda temos que esperar mais de uma década para lá chegar...
Mas, como sobreviver uma década ou mais, se não houver casa onde morar, comida para nos alimentar e dinheiro para no mínimo sobreviver?
Como ter qualidade de vida, se nos negam o mais básico em nome do bem-estar de alguns a quem nada se pede, a quem nada se faz pagar pelo modo como nos lesaram enquanto país e enquanto seres humanos que são as gentes deste mesmo país?
Fui educada sob o conceito que sendo boa profissional e trabalhadora, podia ter uma vida agradável e chegar a um tempo em que teria bases para resistir à passagem dos anos com menos problemas. Hoje tudo isso se converteu na maior das mentiras.
E o meu mundo está virado de cabeça para baixo. Tudo o que é não deveria ser e tudo o que deveria ser não é...
Talvez por tudo isto, eu senti que deveria parar. Porque a arte não se põe à mesa, e neste momento para por algo na mesa, temos que desviar as nossas atenções de coisas bem mais importantes e imprescindíveis que a arte. Todos nós estamos assim, fazendo o pino em malabarismos de sobrevivência que nos desgasta e desanima.
Como rochas na linha da praia, ainda resistimos em desejos de que um dia vamos acordar deste pesadelo com o sabor de que crescemos em respeito por nós. Porque um milagre aconteceu nesta linda terra de sol e mar, de gente de garra e de valor.
Talvez amanhã...
Por isso aguardo, escondendo na minha mente as ideias do tanto que queria fazer. Vontades de criação que não podem nascer. Em motivos de "porque não"...
Feliz Ano Novo
Cats to the moon
Rodeada de arte
O polvo...
A primeira razão de viver
Ontem...
Parece que foi ontem, mas na verdade, faz hoje exactamente 34 anos que me tornei mãe.
O rei da minha vida, nasceu na madrugada do Dia de Reis como prenúncio de que reinaria no trono do meu coração, espaço que lhe ofereci para sempre no instante em que soube que estava grávida.
Passaram todos estes anos, mas a minha memória relembra-me o bebé roliço e rosadinho que ainda me parece ter nos braços, olhando-me com os seus olhitos vivos e bem abertos, no instante em que lhe peguei pela primeira vez, alguns segundos após ter vindo a este mundo.
O tempo passou, eu sei. Percebo-o em cada dia quando me olho ao espelho. Mas, nem que seja por loucura minha, hoje o meu reizinho voltou a ser bebé.
PARABÉNS AMOR MAIOR DA MINHA VIDA!
Grace C - tua mãe, a reviver a madrugada do teu nascimento nesta madrugada 34 anos depois.
O rei da minha vida, nasceu na madrugada do Dia de Reis como prenúncio de que reinaria no trono do meu coração, espaço que lhe ofereci para sempre no instante em que soube que estava grávida.
Passaram todos estes anos, mas a minha memória relembra-me o bebé roliço e rosadinho que ainda me parece ter nos braços, olhando-me com os seus olhitos vivos e bem abertos, no instante em que lhe peguei pela primeira vez, alguns segundos após ter vindo a este mundo.
O tempo passou, eu sei. Percebo-o em cada dia quando me olho ao espelho. Mas, nem que seja por loucura minha, hoje o meu reizinho voltou a ser bebé.
PARABÉNS AMOR MAIOR DA MINHA VIDA!
Grace C - tua mãe, a reviver a madrugada do teu nascimento nesta madrugada 34 anos depois.
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